Papai Noel, fé e internet

photo credit: B Cortizo via photopin cc
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Artigo publicado no jornal Alagoas em Tempo, edição de 15 a 21 de dezembro/2014 | Ano 8 – Nº 661.

Marcos Antonio Fiorito *

“Quer dizer que você é daqueles que acreditam em Papai Noel, coelhinho da Páscoa e duendes?” Surpreende-se com a pergunta? Obviamente não, já que a ouvimos todas as vezes que demonstramos certa ingenuidade na espera de algo pelo qual deveríamos dar menos crédito. Há quem diga que acreditar em Deus também é história da carochinha, também é acreditar em algo que não podemos provar, apesar das inúmeras provas que temos, desde filosóficas, como as Cinco Vias de São Tomás de Aquino, até provas de cunho psicológico, como a nossa insaciável procura por algo que preencha o vazio que sentimos. O fato de nunca estarmos plenamente satisfeitos, sempre desejarmos algo mais, denota uma sede de infinito. Ou seja, Deus.

No entanto, apesar de que para muitos a crença num ser supremo, criador de todas as coisas, causa de todas as causas, etc., ser uma postura primitiva, semelhante à dos tempos da mitologia, é surpreendente ver o crédito que milhões de pessoas dão a tudo que leem na nossa útil, divertida, agradável e – ao mesmo tempo – perigosa internet… Chega a dar pena!

Através do correio eletrônico, mensagens alarmantes advertem para um vírus chamado “Anticristo” que irá destruir o seu disco rígido com todos os seus dados em questão de segundos; pede assinaturas para um abaixo-assinado contra a lei que irá pôr fim ao 13º; pede dinheiro para uma pobre menina, cuja doença a tornou deformada e infeliz; convida a todos para o grande espetáculo sideral: no dia X do mês Y o planeta Marte irá aparecer no céu de forma gigantesca, será visto maior que a Lua… Assustadora também é a estória do homem, vítima de uma loira fatal, que acorda numa banheira cheia de gelo, com os rins arrancados.

A esse tipo de boato, os especialistas intitulam “hoax”, que traduzindo do inglês para o português pode significar engano, trote, travessura.

Anos atrás, fotos de esqueletos descomunais de humanos foram exibidas na Web com o anúncio bombástico de que arqueólogos teriam encontrado ossadas de gigantes. Bastam 10 segundos de procura no Google para encontrar o desmentido da notícia, porém a procura é totalmente dispensável quando, simplesmente, temos o prudente hábito de desconfiar daquilo que nos é enviado por e-mail ou publicado por sites não muito confiáveis. Sem contar o bom senso: A notícia não fala de fósseis, seriam esqueletos enterrados há milhares de anos… Pois é, sabe-se que em situações normais ossos enterrados duram apenas alguns anos, portanto as fotos só podiam ser montagens. E ainda que fosse verdade, a notícia não seria apenas publicada na Internet, ela seria divulgada por todos os grandes meios de comunicação, e com especial sensacionalismo, pois o tal achado revolucionaria a ciência.

Parece incrível? Ainda é pouco: fotografias de paisagens e belos edifícios europeus foram divulgadas pela internet como obras-primas, de especialíssimo talento, da pintora ucraniana Anna Kostenko. Em cada imagem, figurava os dizeres: “Não é foto, é pintura!”. Pinturas tão perfeitas e realistas, que a artista fez questão de pintar até o andaime, envolto de uma tela verde, posto na torre de uma igreja russa em reforma… Certamente uma pintora divina! Divina? Ora, o que estamos dizendo? “Deus não existe!” – afirmam os entusiastas da ideia de que um dia a ciência explicará tudo. Mas na internet, sim, nessa devemos dar total fé! Afinal, ela já deu provas de que suas fontes são para lá de sérias e fidedignas…

* O autor é teólogo e redator católico

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação do autor.)

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