Manuscrito do Purgatório – Continuação Post 20

Cristo da Misericórdia

— Dizei-me então em que consiste a verdadeira santidade?

Resposta: — Já o sabeis, mas já que desejais, vou repetir o que já foi dito diversas vezes.

A verdadeira santidade consiste em se renunciar de amanhã à noite, viver de sacrifício. Saber pôr de lado a toda hora o “eu” humano, deixar que Deus trabalhe como queira em nós. Receber, com uma profunda humildade, as graças que Ele nos dá, reconhecendo-se indigna delas. Estar quanto possível sempre na presença de Deus. Fazer todas as ações sob o divino olhar e não procurar outra testemunha para os próprios esforços. Ter a Deus como única recompensa, e todas as coisas que eu já vos disse. Eis a santidade que Jesus exige e quer das almas que querem viver só para Ele. O resto não é mais que ilusão.

Certas almas fazem, pelo sofrimento, o seu purgatório na terra; outras por amor, porque o amor tem também um martírio. A alma que procura amar verdadeiramente a Jesus, acha que, apesar dos seus esforços, ela não o ama na medida dos seus desejos. Isto é para a alma um martírio perpétuo, causado unicamente pelo amor, e não é um martírio sem grandes dores! É como já vos disse, um pouco daquele estado da alma do purgatório que impele incessantemente para Deus, seu único desejo, e se vê repelida porque sua expiação não está acabada!

Se eu não tivesse falado e ninguém tudo o que me dizeis desde que estou vos ouvindo, qual seria o resultado? Sabeis que eu tenho um grande desejo de guardar segredo, guardar isto tudo só comigo?

Resposta: — Sois livre de o fazer ou não, mas se ainda não falastes disto, eu vos aconselho a que o façais, porque Deus nunca permitiu que a perfeição de ninguém viesse diretamente do céu. Ela habita na terra, e quer que na terra mesmo ela se aperfeiçoe, segundo os conselhos que recebe para isto. Fizestes bem em confiar o que vos custava tanto dizer. E demais, tudo isto não vem de vós, e Deus, que de tudo sabe tirar proveito para a sua glória, dirige tudo para proveito daqueles que Ele ama.

(Novembro-Dezembro) — O dia e a oitava dos Defuntos trazem uma alegria no purgatório e se livram muitas almas?

Resposta: — No dia dos Mortos muitas almas deixam o lugar de expiação para o céu, e por uma grande graça do Bom Deus, só neste dia todas as almas sofredoras, sem exceção, têm parte nas orações públicas da Santa Igreja, até mesmo as do grande purgatório. Entretanto, o alívio de cada alma é proporcionado ao seu mérito. Umas recebem mais, outras menos. Entretanto, todas aproveitam esta graça excepcional. Muitas almas, pobres almas, só recebem este único alívio pela justiça de Deus, durante os longos anos que passam no purgatório.

Entretanto, não é no dia dos mortos que sobem mais almas ao céu. É na noite de Natal?

Há muitas coisas que eu vos poderia dizer, mas eu não tenho permissão.

É preciso que me interrogueis, porque então eu posso responder. Eu estou bem aliviada pelas orações do Reverendo Padre. Dizei-lhe que lhe agradeço pelas orações que fez e que mandou fazer por minha intenção. Eu rezo sempre por ele. Espero fazer mais ainda quando eu estiver no céu. Dizei-lhe também que eu sei que ele reza por mim e pelas almas do purgatório.

Por permissão de Deus há um sofrimento maior para as almas, quando as orações que se fazem por elas não lhes podem ser aproveitadas.

No purgatório não se recebem as orações da terra senão na medida em que Deus quer que sejam aproveitadas às almas. Depende da disposição de Deus.

Quanto ao tempo da nossa libertação, não sabemos nada. Se soubéssemos o fim dos nossos sofrimentos, seria um alívio, uma alegria para nós, mas não! Vemos bem que nossas dores diminuem quando a nossa união com Deus se torna mais íntima, mas em que dia? (segundo a terra, porque não há dias), e em que dia estaremos todos reunidos? Não o sabemos, é o segredo de Deus!…

As almas do purgatório não têm conhecimento do futuro, a não ser que Deus lhes queira dar isto. Algumas almas o possuem, umas mais, outras menos. Mas o que adianta saber o futuro para nós, a menos que se trate da glória de Deus e do bem de algumas almas?

Não se admirem se o demônio e seus satélites têm algumas vezes conhecimento de coisas que se realizam no futuro. O diabo é um espírito e, por conseguinte, tem mais astúcias e conhecimentos do que qualquer pessoa na terra, à exceção dos santos, aos quais Deus ilumina com suas luzes. Ele, o diabo, procura rondar por toda parte, procurando o mal. Ele vê o que se passa, no mundo, e segundo a sua sagacidade, pode prever coisas que se vão realizar. Eis a única explicação.

Desgraçados são aqueles que se entregam ao demônio e o consultam! É um pecado que desagrada a Deus, e muito! (Não está aí uma condenação do espiritismo, que muitas vezes é uma consulta ao diabo? – Nota do tradutor).

— As almas podem alguma vez se enganarem?

Resposta: — Sim, mas não quanto às coisas que existem, só quanto ao futuro. Pode acontecer, por exemplo, que Deus na sua Justiça queira castigar um reino, uma província, uma pessoa, é uma intenção que Ele manifestou. Todavia, se alguma pessoa daquele reino, daquela província pela oração ou por outros meios, desarma a Divina Justiça, Deus dará a graça, concederá a graça ou diminuirá o castigo, segundo as previsões da sua infinita sabedoria. Muitas vezes permite que os grandes acontecimentos sejam preditos antes ou os dá a conhecer a algumas almas a fim de que elas previnam e afastem o castigo. A misericórdia de Deus é tão grande, que Ele não castiga senão em caso extremo. Assim para aquela pessoa de que me falaste outro dia. Deus me fez conhecer que não lhe infligirá castigo, senão pela metade, se ela permanecer nas mesmas disposições. Eis como a gente pode às vezes parecer que se engana.

– Há muitos protestantes salvos?

Resposta: — Pela misericórdia de Deus, um certo número de protestantes se salva, mas o purgatório deles é longo e rigoroso. Eles não abusaram da graça, é verdade, como muitos católicos, mas não tiveram as graças insignes dos Sacramentos e outros socorros da verdadeira religião, o que faz com que a sua expiação se prolongue por muito tempo no purgatório.

Eu falo mais baixo do que de costume, porque há oito dias vós falais muito baixo com Deus na recitação dos Salmos. Quando rezardes mais alto, eu falarei também mais alto.

— Conheceis no purgatório a perseguição que está sofrendo a Igreja?

Resposta: — Sabemos que a Igreja está sendo perseguida e rezamos pelo seu triunfo, mas quando será ele? Eu o ignoro. Talvez algumas almas o saibam. Eu não o sei ..

No purgatório as almas não ficam só ocupadas com seus sofrimentos. Elas rezam pelos grandes interesses de Deus, pelas pessoas para abreviar seus sofrimentos. Louvam, agradecem a Nosso Senhor as misericórdias infinitas para com elas, porque o limite do purgatório e do inferno para muitas almas foi bem extremo, e por um pouco não se condenaram! Imaginai qual não há de ser o reconhecimento, a gratidão destas almas que foram assim arrancadas de Satã!

Eu não vos posso explicar como vemos nós a terra, de modo muito diferente do vosso modo de ver. Isto só se pode entender quando a alma deixa o corpo. Então a terra que ela acaba de deixar não lhe há de parecer mais do que um pontozinho no horizonte sem fim da eternidade que se abre para ela.

Eu recebo mais alívio de uma das ações de graças feita com uma grande união a Jesus, do que de uma oração vocal. O que Deus mais ouve? Tudo o que é feito com espírito interior. Quanto mais íntima é a união de uma alma com Deus, mais esta alma é ouvida. Uma alma intimamente unida a Jesus, é dona do seu Coração Divino. Deveis procurar sempre esta união que Jesus espera de há muito tempo de vós. Se quereis agradá-lo, eis o único meio: aproximar-se sempre mais do seu Coração, por uma grande atenção aos menores desejos da sua Vontade Santíssima. É preciso que Ele vos vire e revire como bem queira, sem nunca encontrar resistência da vossa parte. Então haveis de ver e compreender sua bondade!

Procurai trabalhar atentamente só por Deus. Não procureis outro para testemunha de vossas ações.

(8 de dezembro — 2 horas da tarde — Imaculada Conceição) — Ai! quantas vidas parecem cheias de boas obras e no entanto na hora da morte estarão vazias! Se soubésseis quão poucas são as pessoas que agem só por Deus e que praticam seus atos só por Deus! Na morte, então ai! quando a gente não está mais cego, quanto arrependimento! Ai! se refletissem algumas vezes no que é a eternidade! Que é esta vida comparada com este dia sem noite para os eleitos, e esta noite que não há de ter fim dos condenados! Ama-se tanta coisa na terra, apegam-se a tudo neste mundo exceto a aquele que unicamente deveria merecer nossa afeição e ao qual recusamos nosso amor! Jesus nos tabernáculos espera os corações que o amam, e não os encontra…

— No purgatório se ama?

Resposta: — Sim, mas é um amor de reparação, e se na terra nós tivéssemos amado a Deus como deveríamos, não seríamos tão numerosas e não haveria tantas almas no lugar da expiação!

— No céu Jesus é bem amado?

Resposta: — No céu se ama muito a Deus. Lá Deus é desagravado, mas não como na terra. Jesus deseja o amor na terra, na terra onde veio para se aniquilar em cada tabernáculo, a fim de que fosse mais fácil chegarem-se a Ele. E no entanto, não fazem isto, não o procuram nem amam!…

Eu vos disse que há almas que fazem o seu purgatório ao pé dos altares. Elas ficam ali pelas faltas que cometeram nas igrejas. Estas faltas que foram diretamente a Jesus presente nos tabernáculos, são punidas com muita severidade no purgatório. As almas que ficam diante do tabernáculo em adoração, lá estão em recompensa da devoção ao Santo Lugar. Elas sofrem menos do que se estivessem no purgatório mesmo, e Jesus, que elas contemplam com os olhos da alma e da fé ao mesmo tempo, lhes alivia com sua presença real o que elas padecem.

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Veja também: Manuscrito do Purgatório – Continuação Post 19

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