Sim, tantos encantos tem a confissão e tantos perfumes exala para o céu e a terra que tira e sara toda fealdade e podridão do pecado. Simão, o leproso, dizia que Madalena era uma pecadora; mas Nosso Senhor dizia que não, e já só falava do perfume que ela tinha espalhado por toda a sala do fariseu e já só considerava o seu imenso amor. Se somos verdadeiramente humildes, nossos pecados forçosamente nos desagradarão muitíssimo, porque são ofensas a Deus; ao contrário, a confissão de nossos pecados se tornará suave e consoladora, pela honra que com isso damos a Deus. É um consolo semelhante ao do doente que revela ao médico tudo o que sente. Estando ajoelhado aos pés do teu pai espiritual, pensa que estás no Calvário. Aos pés de Jesus crucifica- do, e que seu sangue precioso se derrama de suas feridas e, caindo tua alma, a lava de suas iniquidades; que é, na verdade, a aplicação dos merecimentos do sangue de Cristo derramado na cruz que significa os penitentes. Manifesta, pois, inteiramente o teu coração ao confessor, para que o alivie dos teus pecados, e o encherás ao mesmo tempo de bênçãos pelos merecimentos da Paixão de Jesus. E, além disso, praticarás nesse ato a humildade, a obediência, a simplicidade e o amor de Deus — numa palavra: mais virtudes que em nenhum outro ato de religião.
Fonte: A arte de se aproveitar das próprias faltas segundo São Francisco de Sales. Pe. José Tissot. Editora Vozes LTDA, 1964. Petrópolis, RJ.