No século XVII, o sábio Cardeal Bona criticou severamente a facilidade e leviandade com que acreditavam muitos em revelações sobrenaturais e deu algumas regras que podem nos esclarecer muito na matéria. Vamos comenta-las:
1) “Toda aparição desejada ou provocada é suspeita”. Ninguém deve desejar ver nem conversar com os mortos, indagar a sorte dos defuntos, mesmo que o faça por motivo de caridade para rezar por eles. Não se deve desejar aparição alguma de alma do Purgatório. Seria temeridade e presunção.
2) Se a aparição revela coisas ocultas que seria melhor silenciar sobre elas, faltas alheias, ensina coisas contrarias ao dogma e ao Evangelho, tem horror à água benta, ao crucifixo, etc., está provado que se trata do demônio.
3) As almas do Purgatório aparecem geralmente para solicitar orações, recomendar restituições, etc. E feito isto, não voltam mais, a não ser para agradecerem. Se uma aparição se torna importuna dia e noite, ameaça, perturba a paz de um homem ou de uma família ou comunidade, é sinal certo do demônio.
4) Ninguém deve aceitar serviços prestados pelas almas do Purgatório que se vem colocar a nossa disposição, morar conosco, etc. É pura ilusão isto ou coisa diabólica.
5) Todos os bons teólogos místicos ensinam que as aparições verdadeiras logo de principio perturbam e assustam mas depois lançam a alma numa doce paz, aumentam a humildade, excitam o amor de Deus e do próximo e produzem um grande desejo de perfeição. Quando alguém começa a se gabar das aparições, mostra-se digno delas, perturbar-se em vão e encher-se de presunção, irritar quando os superiores não fazer caso das suas visões e desobedecer, eis um sinal bem certo de engano.
6) É mister que as aparições sejam expostas singelamente a um bom diretor, sem exageros nem reticências, nem diminuição da verdade. E depois ficar pelo que ele decidir e obedecê-lo cegamente!”
Fonte: O Manuscrito do Purgatório – Mons. Ascânio Brandão
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