“Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar”. (cf. gn 3,19)
“Voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o vosso coração e não as vossas vestes” (Jl 2,12-13) e “deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20). Com essas palavras iniciamos a Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa do Senhor, que se dá pela conversão, na busca de uma reconciliação com Deus e com os irmãos, a fim de que renovemos as promessas batismais na noite Santa da Páscoa.
A primeira atitude para a conversão é ter consciência das próprias fraquezas. Eis o sentido da imposição das cinzas, que não têm o poder de perdoar os pecados. Aceitar as cinzas sobre a nossa cabeça é um ato de humildade, de reconhecimento de nossa condição de pecador e de nossa fragilidade: “Lembra-te que és pó, e ao pó hás de tornar” (cf. Gn 3,19). Ora, “o pó futuro, o pó em que nos havemos de converter, vêem no os olhos; o pó presente, o pó que somos, nem os olhos o vêem, nem o entendimento o alcança” (Pe. Antônio Vieira). De fato, saber que seremos pó é uma realidade que todos têm consciência, mas aceitar que somos pó, ou seja, que somos humanos, fracos e pecadores é necessário ter humildade.
Além da humildade, a conversão exige de nós a fé para voltarmos para o Senhor com todo o coração, vivendo a gratuidade da oração, do Jejum e da esmola. Assim, qualquer penitência deve ser fruto da disposição interior de conversão, senão cai na hipocrisia por ser uma prática meramente exterior. No Evangelho, Jesus nos ensina como evitar este pecado, lembrando-nos que o nosso Pai, que vê o que está oculto, nos dará a recompensa (cf. Mt 6,4).
Portanto, a penitência quaresmal, iniciada com as cinzas, só tem sentido se for motivada pelo desejo sincero de conversão pessoal e também social como nos propõe a Campanha da Fraternidade deste ano com o tema “Fraternidade e juventude”.
Pe. Danival Milagres Coelho
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