Artigo publicado no jornal Alagoas em Tempo, edição de 28 de março a 03 de abril/2016 | Ano 10 – Nº 721.
Marcos Antonio Fiorito *
Desde 2014, quando foi deflagrada a Operação Lava Jato, o País vive uma crise ética e moral sem precedentes. Todos os dias assistimos atônitos revelações envolvendo um esquema gigantesco de lavagem de dinheiro, que envolve, segundo se estima, 40 bilhões de reais.
Delações, prisões, conduções coercitivas, escutas telefônicas, tentativas de obstrução da justiça, etc. Enquanto isso, a Nação naufraga na maior crise política e econômica de sua história.
Não faltou quem, no passado, alertasse para a crise de valores pela qual atravessamos. Embora o problema seja universal, no Brasil ele se reveste de cores ainda mais vibrantes.
Fala-se tanto em falta de ética, falta de moral; contudo, a maioria das pessoas não distinguem bem uma coisa da outra. É verdade que muitas vezes elas se equivalem, porém não são a mesma coisa.
A ética é contemplada em vários cursos de graduação: direito, medicina, teologia, filosofia, administração, sociologia… Só para citar alguns. Inexplicavelmente — e propositadamente, segundo os teóricos da conspiração –, não se exige disciplina de moral em nenhum momento de nossa formação escolar ou universitária. Em tempos da ditadura militar, havia a disciplina de Educação Moral e Cívica, entretanto, não era lá muito fiável e durou alguns poucos anos.
Enfim, resta ainda o ensino de moral para as graduações de filosofia e teologia.
Mas indo direto ao ponto, qual a distinção entre ética e moral? Ambas estudam, avaliam e julgam os atos dos homens, que se distinguem claramente dos atos humanos. Beber água porque se está com sede é um ato próprio do ser humano, é algo instintivo; já decidir se deve agir contra ou conforme a sua consciência é próprio do homem.
A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, e significa costume, caráter, etc. É a parte da filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. É ciência normativa que serve de base à filosofia prática.
A ética procura determinar a finalidade da vida humana e os meios de a alcançar, preconizando juízos de valor que permitem distinguir o bem do mal. Através do comportamento humano ao longo dos séculos, procura entender as regras de moral de maneira mais racional, embasada de forma científica e teórica.
Também se refere ao conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão.
Já o termo moral tem sua origem no latim “morale”, e diz respeito aos bons costumes, aos modos de ser. É um conjunto de normas que vivenciamos de forma aplicada em nosso cotidiano quando questionamos o que é certo ou errado, moral ou imoral. Ela orienta as nossas ações em face de inúmeras questões do dia-a-dia.
Os Dez Mandamentos, tão familiar aos nossos ouvidos cristãos, é, por exemplo, um conjunto de leis morais.
Um professor deixar que seus alunos colem deliberadamente na prova será uma atitude antiética. Já o empregado usar de um atestado falso para ludibriar o patrão, será, sem dúvida, um ato de imoralidade.
* O autor é teólogo e redator católico
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação do autor.)
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