O arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), dom Orani João Tempesta, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira, 16 de janeiro, na qual falou sobre o início do processo arquidiocesano de beatificação da Serva de Deus Odette Vidal de Oliveira, “Odetinha”. A coletiva foi realizada na sede da arquidiocese do Rio.
Dom Orani agradeceu a presença de todos os comunicadores e destacou que a ocasião antecedeu um momento inédito e histórico para todos os fiéis da arquidiocese: a abertura de um processo de beatificação, que será realizada nesta sexta-feira, 18 de janeiro.
“Nunca é demais recordar que, quando há um certo clamor popular, a Igreja sempre procura investigar para poder colocar aquele ou aquela que morreu com fama de santidade como um exemplo de vida que pode ser sinal também para que saibamos que em todas as épocas da humanidade e em todos os momentos das nossas vidas temos a oportunidade de nos santificar”, afirmou.
O arcebispo contou ainda que desde que chegou ao Rio de Janeiro sempre ouviu algumas pessoas falarem sobre cariocas, personagens da vida real, que poderiam ter suas vidas investigadas para uma possível beatificação.
“Depois de consultarmos o Governo Diocesano e começarmos a deixar chegar a nós esses pedidos e discerni-los, encontramos alguns testemunhos que falavam sobre a Odetinha, que aqui no Rio tem uma fama de santidade, de uma pessoa que viveu uma vida cristã exemplar”.
O vigário episcopal para os Institutos de Vida Religiosa, Sociedades de Vida Apostólica e Novas Comunidades, dom Roberto Lopes, também participou da coletiva. Ele fez uma breve apresentação sobre a história de vida de Odetinha e sua família, relatando que ela viveu em um ambiente de rica formação cristã. Após fazer a primeira comunhão, com sete anos de idade, ela tornou-se catequista.
“De acordo com a comissão histórica, no dia do sepultamento da Odetinha – 25 de novembro de 1939 –, já havia manifestações do povo de Deus e existem relatos que enquanto seu corpo ainda estava na Praia de Botafogo uma multidão já chegava ao cemitério São João Batista”, contou dom Roberto.
O processo
O postulador das Causas dos Santos, no Vaticano, Paolo Vilotta, afirmou que se surpreendeu durante a exumação do corpo de Odetinha, realizada no último dia 10 de janeiro, pois encontrou uma grande quantidade de ossos, o que não é normal tendo em vista o tempo em que a Serva de Deus já havia sido sepultada. Paolo explicou ainda cronologicamente um pouco da metodologia utilizada no caso de Odetinha.
“O primeiro passo foi um encontro aqui no Rio de Janeiro com o arcebispo e a Comissão Arquidiocesana. Logo depois dom Orani fez um pedido a Congregação das Causas dos Santos, que não responde sozinha, mas solicita que outras congregações do Vaticano respondem também. Após a resposta com o “nihil obstat” vindo de Roma, começa a parte mais importante do trabalho que são as pesquisas não para reconhecer milagres, mas para reconhecer a venerabilidade, se ela viveu as virtudes em grau heróico, que são: a fé, a esperança, a justiça, a caridade, a humildade, a castidade, e tudo o que conserve a virtude em grau heróico, em um grau mais elevado, e não são todas as pessoas que conseguem viver essas virtudes assim”, ressaltou.
Sobre a expectativa dos fiéis para receber o corpo de Odetinha, o responsável pela Associação Cultural Odetinha, cônego Marcos William Bernardo, contou que eles veem esse translado como uma graça. “A comunidade se prepara em festa e já estamos preparando um lugar adequado para ela. Em seguida pensamos em um memorial onde teríamos a reprodução do próprio túmulo com um pouco da história e dos objetos dessa Serva de Deus, e isso fica sob a responsabilidade da Associação Cultural Odetinha”, contou o cônego.
CNBB/Canção Nova