Cidade do Vaticano (RV) – O Papa presidiu, no dia 1º de janeiro, na Basílica de São Pedro, a Missa por ocasião da Solenidade da Mãe de Deus. Em sua homilia do ano, o Papa recordou que “nenhuma criatura viu brilhar sobre si a face de Deus como Maria, que deu uma face humana ao Verbo eterno, para que todos nós O pudéssemos contemplar”. O Papa reiterou que “assim como Cristo e sua Mãe são inseparáveis”, “igualmente são inseparáveis Cristo e a Igreja”.
Francisco observou que entre Cristo e sua Mãe existe uma relação estreitíssima, como entre cada filho e sua mãe: “ A carne de Cristo, disse ele, foi tecida no ventre de Maria”. Maria, escolhida para ser a Mãe do Redentor, compartilhou intimamente toda a sua missão, até o calvário:
“Maria está assim tão unida a Jesus, porque recebeu d’Ele o conhecimento do coração, o conhecimento da fé, alimentada pela experiência materna e pela união íntima com o seu Filho. A Virgem Santa é a mulher de fé, que deu lugar a Deus no seu coração, nos seus projetos; é a crente capaz de individuar no dom do Filho a chegada daquela «plenitude do tempo» (Gl 4, 4) na qual Deus, escolhendo o caminho humilde da existência humana, entrou pessoalmente no sulco da história da salvação. Por isso, não se pode compreender Jesus sem a sua Mãe”.
Igualmente inseparáveis são Cristo e a Igreja – disse o Papa – observando que não se pode compreender a salvação realizada por Jesus sem considerar a maternidade da Igreja:
“Separar Jesus da Igreja seria querer introduzir uma «dicotomia absurda», como escreveu o Beato Paulo VI. Não é possível «amar a Cristo, mas sem amar a Igreja, ouvir Cristo mas não a Igreja, ser de Cristo mas fora da Igreja». Na verdade, é precisamente a Igreja, a grande família de Deus, que nos traz Cristo. A nossa fé não é uma doutrina abstracta nem uma filosofia, mas a relação vital e plena com uma pessoa: Jesus Cristo, o Filho unigénito de Deus que Se fez homem, morreu e ressuscitou para nos salvar e que está vivo no meio de nós. Onde podemos encontrá-Lo? Encontramo-Lo na Igreja. É a Igreja que diz hoje: «Eis o Cordeiro de Deus»; é a Igreja que O anuncia; é na Igreja que Jesus continua a realizar os seus gestos de graça que são os sacramentos”.
A ação e missão da Igreja, observou o Santo Padre, exprimem a sua maternidade:
“De fato, ela é como uma mãe que guarda Jesus com ternura, e O dá a todos com alegria e generosidade. Nenhuma manifestação de Cristo, nem sequer a mais mística, pode jamais ser separada da carne e do sangue da Igreja, da realidade histórica concreta do Corpo de Cristo. Sem a Igreja, Jesus Cristo acaba por ficar reduzido a uma ideia, a uma moral, a um sentimento. Sem a Igreja, a nossa relação com Cristo ficaria à mercê da nossa imaginação, das nossas interpretações, dos nossos humores”.
Maria, disse o Papa, é “aquela que abre a estrada da maternidade da Igreja e sempre sustenta a sua missão materna destinada a todos os homens. O seu testemunho discreto e materno caminha com a Igreja desde as origens. Ela, Mãe de Deus, é também Mãe da Igreja e, por intermédio dela, é Mãe de todos os homens e de todos os povos”.
Ao concluir, o Pontífice recordou o Dia Mundial da Paz, celebrado no 1º dia do ano, pedindo que “o Senhor dê paz a estes nossos dias: paz nos corações, paz nas famílias, paz entre as nações”. Ao recordar que o tema deste ano «Já não escravos, mas irmãos», Francisco disse:
“Todos somos chamados a ser livres, todos chamados a ser filhos; e cada um chamado, segundo as próprias responsabilidades, a lutar contra as formas modernas de escravidão. Nós todos, de cada nação, cultura e religião, unamos as nossas forças. Que nos guie e sustente Aquele que, para nos tornar irmãos a todos, Se fez nosso servo”. (JE)
Rádio Vaticano
Veja também: Papa: vigiar nosso coração e fazer exame de consciência