Jesus estará mesmo voltando?

Artigo publicado no jornal Alagoas em Tempo, edição de 21 a 27 de dezembro/2015 | Ano 9 – Nº 710.

Marcos Antonio Fiorito *

photo credit: Last Judgement via photopin (license)
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“Jesus está voltando!”, dizia com ar profético uma faixa na frente de uma das inúmeras igrejas de denominação cristã de nosso conturbado País. Sem dúvida alguma, é uma eficiente forma de atrair fiéis desavisados no que diz respeito aos sinais que a Bíblia aponta para a segunda vinda de Cristo, também denominada pelos antigos cristãos como Parusia. Virou mesmo um marketing religioso, uma propaganda agressiva, que tenta convencer pela insistência da afirmação.

São Luís Grignion de Montfort, em sua obra Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, faz uma interessante distinção a respeito de dois períodos: “Últimos Tempos” e “Fim dos Tempos”. Segundo o renomado santo francês, o primeiro é prefigura do segundo, porque se assemelha a ele em muitas coisas, mas não coincidindo inteiramente em tudo, especialmente em intensidade e gravidade.

Alguns estudiosos acreditam que pela crise de fé em que vivemos, estamos nos Últimos Tempos da era cristã. Não é de se duvidar. Mas em que estes se distinguem do Fim dos Tempos, quando teremos a segunda vinda de Jesus e o Juízo Final? O Magistério da Igreja, tomando como fonte de Revelação as Sagradas Escrituras, aponta para alguns sinais indicativos da Parusia:

1) O Evangelho será pregado no mundo todo.

“Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas as nações, e então chegará o fim” (Mt 24, 14). “… e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1, 8).

2) Haverá uma apostasia universal da fé cristã.

“Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18,8). “Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição” (2Ts 2,3). Embora seja universal, não significa que a apostasia será total, do contrário, a Igreja deixaria de existir, indo contra a promessa de Nosso Senhor de que as portas do Inferno não prevalecerão contra ela (cf: Mt 16, 18).

3) Os judeus se converterão.

“Porque, por muitos dias, os filhos de Israel ficarão sem rei e sem chefe, sem sacrifício nem monumento (…). Depois disso, os filhos de Israel voltarão a buscar o Senhor, seu Deus, e Davi, seu rei; recorrerão comovidos ao Senhor a à sua bondade no final dos tempos” (Os 3, 4-5).

4) Teremos a vinda do Anticristo.

… e deve manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus. (…) … ele só se manifestará a seu tempo. (…) Então o tal ímpio se manifestará. Mas o Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o resplendor da sua vinda. A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar (Ts 2, 2-10).

Por aí vemos que, embora hoje nossa situação se assemelhe um tanto ao Final dos Tempos, não estamos nos dias propriamente ditos onde teremos a espetacular vinda de Cristo à Terra pela segunda vez. Vale sempre lembrar da advertência de São Paulo aos Tessalonicenses:

“No que diz respeito à vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e nossa reunião com ele, rogamo-vos, irmãos, não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós e que vos afirmassem estar iminente o dia do Senhor. Ninguém de modo algum vos engane” (Ts 2, 1-3).

* O autor é teólogo e redator católico

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação do autor.)

 

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