“Fujam Vossas Caridades desse vício tão prejudicial às almas religiosas, e tenham dele ainda maior horror que do mesmo Satanás.
“Insensivelmente corrompe os bens do espírito e degenera todas as virtudes.
“Saibam e advirtam que todo o estrondo, deformidade e ruínas do mundo, procede da infame murmuração; as desordens e escândalos das comunidades religiosas procedem da murmuração; as quedas dos santos, os anos sem aproveitamento algum, a falta de paz e consolação na vida espiritual, procedem da murmuração.
“Saibam que este vício é tão intrincada matéria, que no confessionário o seu discernimento é difícil aos moralistas, causa confusão aos penitentes, atraso das almas, destruição das virtudes e ofício de gente vil.
“Enfim, sou a dizer a Vossas Caridades e pedir-lhes pelas divinas entranhas de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nunca descubram ou notem os defeitos de pessoa alguma que viva de porta afora, nem os de suas Irmãs espirituais que vivem porta adentro, ainda que em matéria leve. Somente os descubram, com os olhos em Deus, ao confessor ou Superiora, para que estes com prudência possam evitar desordens.
“Para complemento deste parágrafo, peço-lhes que fujam de dizerem umas às outras palavras picantes e queixinhas, como se fossem blasfêmias contra Deus. Caso, porém (que Deus tal não permita), se assim o fizerem, prontamente e sem mais demora em disputa, mutuamente se peçam perdão.”
Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, Escritos Espirituais – Edição preparada pelo Pe. Antonio de Oliveira Colombo – Senado Federal, Brasília . 1980, pp 15-26.
Veja também: Aridez x Consolação