“Nosso Senhor vos olha, e olha com amor; e com tanto mais ternura, quanto mais fraco sois…”
1. Perguntais-me se Nosso Senhor pensa em vós e se vos olha com amor? Sim, pensa em vós, e não só em vós, mas no menor cabelo de vossa cabeça.
É um artigo de fé. É preciso não duvidar absolutamente. Sei que não o duvidais, mas somente, é esta a expressão de vossa aridez, indiferença e insensibilidade, em que se acha a parte inferior de vossa alma. “Deus está verdadeiramente neste lugar e eu ignorava”, dizia Jacó, isto é, não tinha dele sentimento algum e nem o supunha.
Não podeis também duvidar que Deus vos observa com amor, pois olha amorosamente para os maiores pecadores do mundo, apesar do pouco desejo que tenham de se converter. Ah! dizei-me, não tendes tenção de pertencer a Deus? Não desejareis servi-Lo fielmente? E, quem vos dá este desejo e esta intenção, senão Ele mesmo pelo seu olhar amoroso? Não examineis se vosso coração lhe agrada, não o deveis fazer, mas sim, se o seu coração vos agrada. E se contemplardes bem Seu coração, será impossível que não vos agrade; porque, é um coração tão doce, tão suave, tão condescendente, tão amoroso para com as fracas criaturas, desde que reconheçam suas misérias, tão generoso para com os miseráveis, tão meigo para com os penitentes! Quem deixará de amar esse coração divino, tão cheio de carinhos para conosco?…
A fraqueza e as enfermidades dos filhos desagradam às mães, não deixam elas de os amar por isso, ama-os pelo contrário com carinho e compaixão; da mesma forma, apesar de desagradarem a Deus as nossas imperfeições e pecados veniais, Ele não cessa de nos amar carinhosamente; e Davi disse com razão a Deus: “Tende piedade de mim Senhor, porque estou enfermo.”
Ora, isto basta, vivei tranquilos, Nosso Senhor vos olha, e olha com amor; e com tanto mais ternura, quanto mais fraco sois.
Fonte: H. Garnier, Rio de Janeiro, pp. 32 e 33.
