Artigo publicado no jornal Alagoas em Tempo, edição de 17 a 23 de agosto/2015 | Ano 9 – Nº 693.
Marcos Antonio Fiorito *
“Quando a presença de Deus é diminuída entre os homens, perde-se a noção do pecado.” Esse foi o comentário do Santo Padre, o Papa Francisco, numa homilia feita há quase um ano e meio, em Missa celebrada na Casa Santa Marta.
Muitas décadas antes, um de seus antecessores, Papa Pio XII, afirmou que o pior pecado do século XX era a perda do sentido do pecado. E de fato é triste notar que o homem hodierno caminha cada vez mais para a perda do senso do que é certo ou errado.
Reclamamos tanto da corrupção generalizada, porém o que é isso, senão a extinção do senso moral?
Cada vez mais criam-se leis com a intenção de coibir más atitudes, entretanto o desrespeito a elas é crescente.
Quem de nós já não se estressou inúmeras vezes no trânsito, por se sentir agredido pela quantidade de condutores que negligenciam placas, avisos e toda sorte de sinalização? Há até quem defenda que as regras são feitas para serem quebradas…
Mas a pior transgressão é aquela que ofende a Deus, e isso agrava enormemente o problema da perda da consciência moral. Como dizia o Papa Bento XVI, em 2005, vivemos uma espécie de ditadura do relativismo, que “não reconhece nada como certo e que tem como objetivo central o próprio ego e os próprios desejos”.
E o que é o relativismo? A ideia de que tudo é relativo, a verdade é relativa. Tudo pode ser ou não ser. Segundo os defensores do relativismo, a ideia do bem e do mal é variável, conforme o tempo e a sociedade. Ou seja, não podemos chegar a ter certeza de nada, pois o que era condenável outrora, hoje é totalmente aceito; e o que é condenável hoje, outrora fora lei.
Em 2009, alertando mais uma vez sobre o problema, o Papa emérito afirmou que essa ditadura “mortifica a razão, porque afirma que o ser humano não pode conhecer com segurança nada além do campo científico”. Como se a ciência nunca errasse, nunca se desmentisse…
Mas alguém poderia perguntar: Afinal, o que é o pecado?! Segundo o catecismo da Igreja Católica, “é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. O pecado é ofensa a Deus (…) ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia dele os nossos corações. Como o primeiro pecado, é uma desobediência, uma revolta contra Deus, por vontade de tornar-se “como deuses”, conhecendo e determinando o bem e o mal (Gn 3,5). O pecado é, portanto, “amor de si mesmo até o desprezo de Deus”. Por essa exaltação orgulhosa de si, o pecado é diametralmente contrário à obediência de Jesus, que realiza a salvação.” (CIC § 1849-1850).
* O autor é teólogo e redator católico
(Autoriza-se reprodução do artigo com citação do autor.)
Veja também: Graça um tesouro inestimável