Orígenes, da escola de Alexandria, nasceu em 185 d.C. e faleceu em 253, por conta da perseguição de Décio aos cristãos; foi terrivelmente torturado e morto. Portador de uma inteligência privilegiada, foi um dos maiores escritores cristãos da antiguidade, sobretudo como intérprete da Bíblia.
Em relação ao purgatório, Orígenes nos dá uma interessante interpretação da Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, capítulo 3, 10-15:
“Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele. Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) demonstrá-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo.”
Se um homem parte desta vida carregado de falhas, ele é condenado ao fogo que queima materiais levianos, e prepara a alma para o reino de Deus, onde nada contaminado pode entrar:
“Pois se sobre o fundamento de Cristo construístes não apenas ouro, prata e pedras preciosas, mas ainda madeira, cana e palha, o que esperas que ocorra quando a alma seja separada do corpo? Entrarias no céu com tua madeira, cana e palha e, deste modo, mancharias o reino de Deus? Ou em razão destes obstáculos poderias ficar sem receber o prêmio por teu ouro, prata e pedras preciosas? Nenhum destes casos seria justo. Com efeito, serás submetido ao fogo que queimará os materiais levianos. Para nosso Deus, àqueles que podem compreender as coisas do Céu, encontra-se o chamado ‘fogo purificador’. Porém, este fogo não consome a criatura, mas aquilo que ela construiu: madeira, cana ou palha. É manifesto que o fogo destrói a madeira de nossas transgressões e logo nos devolve o prêmio de nossas grandes obras” (P.G. 13, col. 445,448) <Enciclopédia Católica>.