Recebemos hoje do estimado Dr. Ricardo Tenório o seguinte comentário a respeito do conteúdo do blog de nossa confraria e do último artigo aqui publicado: “Crer ou não crer, eis a questão!”:
“Caro Marcos, tenho sido leitor nessas últimas semanas e, tocado pelas mensagens maravilhosas aqui postadas, venho recomendando o seu blog a familiares, amigos e conhecidos, como se prescreve um remédio a um enfermo ou um suplemento para uma vida mais saudável a um homem são. O seu texto sobre a crença em Deus é maravilhoso. Mas ficaram algumas dúvidas: das três formas para crer em Deus (razão, sentimento e consciência), qual seria a diferença entre a razão e a consciência? Não estaria no mesmo plano de cognição? E o sentimento, não citado no texto, como nos levaria a crer em Deus? Grato pelas suas palavras sábias. Forte abraço, Ricardo Tenório.”
Antes de responder às pertinentes perguntas do nosso caro consulente, quero constar que me sinto deveras sensibilizado e honrado com o comentário dele.
Sobre as perguntas, esclareço que, de fato, o artigo menciona as três formas de se provar a existência de Deus, porém não as explica, e simplesmente porque os artigos têm, naturalmente, um tamanho delimitado pela edição do jornal. Mas já era minha intenção escrever outro artigo dando continuidade ao tema. Tão logo ele venha a ser publicado, eu o postarei aqui
Seja como for, darei aqui uma degustação do assunto, à guisa de resposta prévia.
A diferença entre as provas da existência de Deus pela razão e consciência está no seguinte: No caso da primeira, usa-se a lógica; no caso da segunda, é pela forma como a inteligência nos indica que estamos no caminho reto ou tortuoso. E a inteligência é necessária tanto para a razão quanto para a consciência.
No caso das 5 Vias, São Tomás usa de lógica férrea, objetivando o uso claro da razão humana. No caso de quando sentimos remorso por ter andando no mau caminho, a consciência fala mais alto. Não é à toa que se diz que Deus fala através de nossa consciência.
A prova pelo sentimento é um assunto um tanto intricado, que pode entrar muito de subjetivismo e dar margem a erros e desvios. Seja como for, dá-se mais concretamente na medida em que se cresce na prática da virtude e no estado de graça.
Marcos Antonio Fiorito
Veja também: Just von Liebig: Série os cientistas e a existência de Deus
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Honra-me muitíssimo a resposta ao questionamento meu brilhantemente feita pelo ilustre mediador desse Blog. As palavras nela contidas, como sói ocorrer nesse espaço, são realmente elucidativas, embora o tema seja de uma profundidade sem par. É fascinante verificar que a existência de Deus é provada tanto pela razão como pela inteligência. Antes imaginava que o caminho da prova, pela doutrina cristã, se limitava ao mundo dos sentimentos. Ampliar os horizontes probatórios só anima a mim e deve entusiasmar, penso assim, a todos os cristãos sedentos por mais fé. Muito obrigado, Marcos, pelas luzes lançadas. Fique com Deus!