Cidade do Vaticano, 01 jan 2016 (RV) – O Papa Francisco presidiu, na manhã desta sexta-feira (01/01), na Basílica Vaticana, à celebração Eucarística pela Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus.
Em sua homilia, o Santo Padre partiu das palavras do apóstolo São Paulo: “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher” e explicou o seu significado histórico:
Se o nosso olhar se fixar no momento histórico, poderíamos ficar decepcionados. Sobre grande parte do mundo daquela época, Roma dominava com suas forças militares. O imperador Augusto havia chegado ao poder depois de cinco guerras civis. Também Israel fora conquistado pelo Império Romano e o povo eleito estava privado da liberdade.
Logo, disse o Papa, aquele não era certamente o tempo melhor para os contemporâneos de Jesus. Neste sentido, foi necessário interpretar a “plenitude do tempo”, a partir de Deus, que estabeleceu o momento de cumprir a promessa à humanidade.
Por isso, continuou o Pontífice, não foi a história que decidiu a hora do nascimento de Cristo. Pelo contrário, a sua vinda ao mundo permitiu à história chegar à sua plenitude. É por este motivo que o cálculo de uma nova era começou com o nascimento do Filho de Deus ou o cumprimento da antiga promessa:
“Logo, a plenitude do tempo é a presença de Deus em pessoa na nossa história. Agora, podemos ver a sua glória, que refulge na pobreza de uma estrebaria, e ser encorajados e sustentados pelo seu Verbo, que se fez ‘pequeno’ em uma criança. Graças a Ele, o nosso tempo encontra a sua plenitude”.
Porém, – frisou o Santo Padre – este mistério sempre contrasta com a dramática experiência histórica. Gostaríamos de ser sempre sustentados pelos sinais da presença de Deus. No entanto, a “plenitude do tempo” parece desmoronar perante as inúmeras formas de injustiça e violência, que ferem diariamente a humanidade. E o Papa se perguntou:
“Como é possível que perdure a prepotência do homem sobre o homem? Que a arrogância do mais forte continue a humilhar o mais fraco, relegando-o às margens mais esquálidas do nosso mundo? Até quando a maldade humana semeará violência e ódio na terra, causando vítimas inocentes? Como pode ser ‘tempo da plenitude’ quando, diante dos nossos olhos, multidões de homens, mulheres e crianças fogem da guerra, da fome, da perseguição, dispostos a arriscar a vida para que sejam respeitados os seus direitos fundamentais?”
Contudo, – disse Francisco – nada disso pode contra o oceano da misericórdia divina que inunda o nosso mundo. Todos nós somos chamados a mergulhar neste oceano, a deixar-nos regenerar, para vencer a indiferença que impede a solidariedade. A graça de Cristo, que realiza a expectativa da salvação, nos impele a sermos seus cooperadores na construção de um mundo mais justo e fraterno, onde as pessoas e as criaturas possam viver em paz, na harmonia da criação primordial de Deus. E o Papa ponderou:
“No início de um novo ano, a Igreja faz-nos contemplar, como ícone de paz, a maternidade divina de Maria. A antiga promessa realiza-se na sua pessoa, que acreditou nas palavras do Anjo; ela concebeu o Filho e tornou-se Mãe do Senhor. Através do ‘sim’ de Maria chegou a ‘plenitude do tempo’.”
Hoje, – concluiu o Pontífice, a ‘plenitude do tempo’ nos leva a individuar o sentido dos acontecimentos, que tocam a nós, às nossas famílias, os nossos países e o mundo inteiro. Aonde não pode chegar a razão dos filósofos, – frisou – nem as negociações políticas conseguem fazer o que a força da fé e da graça do Evangelho de Cristo faz, abrindo sempre novos caminhos à razão e às negociações. (MT)
Fonte: Rádio Vaticano
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